O veleiro Ave Rara, na partida de Recife
O rombo no casco do trimarã
Georg, eu e Alfredo Rovere
Grande Osvaldo, aqui está um breve depoimento da aventura que foi a regata de Fernando de Noronha a Natal a bordo do Ave Rara, um trimarã de 36 pés:
"Largamos as oito da manhã de Fernando de Noronha no rumo 256° em direção a Natal. Éramos quatro a bordo: Gustavo Peixoto, o comandante, Alfredo Rovere, o mentor da nossa picanha lá na Praia do Cachorro, eu Gustavo, mestre em farofa de ovo e o cinegrafista Ernesto Teodosio. Ventava forte, um través fechado e o mar estava ondulado, com ondas de 3,5 a 4,0 metros de altura. Na saida fizemos uma média acima dos 13 nós de velocidade. No decorrer do dia o vento aumentou e também nosso desempenho. No inicio da noite, com vento terrível, trocamos a genoa e risamos a vela grande na primeira forra. Mesmo assim alcançamos a velocidade incrível de 18 nós. Isso mesmo meu camarada, 18 nós! Estávamos a 60 milhas de Natal quando, em uma orçada mais forte, nossa bolina soltou-se da caixa, fez uma alavanca e arrancou uma pedaço do costado central do trimarã. Era um rombo respeitável com um metro de largura. Imediatamente a cabine encheu-se com água a uma altura de um metro. É sem duvida a visão mais agonizante que se pode ter de dentro de um veleiro. Na mesma hora começamos os procedimentos de abanadono da embarcação, caso naufragasse. Quando estava tudo pronto para descer o inflavel, resolvemos tomar algumas medidas para amenizar a encrenca. Ao ver o tamanho do estrago, o comandante teve a ideia de usar as velas para calafetar o buraco. A primeira a ser colocada dentro do furo foi um fracasso, contudo as outras duas entraram amarradas, o que foi um sucesso. Dominamos o problema, a partir de então a água que entrava era a mesma que conseguíamos tirar com o balde. Não podiamos usar a bomba de porão, pois precisávamos poupar a bateria para funcionamento do rádio de comunicação. Em resumo, uma viagem em que faltavam apenas três horas pra terminar, durou mais de dez. Mesmo assim chegamos a salvo e ainda conseguimos a fita azul e o primeiro lugar na classe! Quem quiser que acredite, mas foi minha primeira experiência apavorante na vela, embora muito didatica".
Georg de Andrade Lima Anderson
"Largamos as oito da manhã de Fernando de Noronha no rumo 256° em direção a Natal. Éramos quatro a bordo: Gustavo Peixoto, o comandante, Alfredo Rovere, o mentor da nossa picanha lá na Praia do Cachorro, eu Gustavo, mestre em farofa de ovo e o cinegrafista Ernesto Teodosio. Ventava forte, um través fechado e o mar estava ondulado, com ondas de 3,5 a 4,0 metros de altura. Na saida fizemos uma média acima dos 13 nós de velocidade. No decorrer do dia o vento aumentou e também nosso desempenho. No inicio da noite, com vento terrível, trocamos a genoa e risamos a vela grande na primeira forra. Mesmo assim alcançamos a velocidade incrível de 18 nós. Isso mesmo meu camarada, 18 nós! Estávamos a 60 milhas de Natal quando, em uma orçada mais forte, nossa bolina soltou-se da caixa, fez uma alavanca e arrancou uma pedaço do costado central do trimarã. Era um rombo respeitável com um metro de largura. Imediatamente a cabine encheu-se com água a uma altura de um metro. É sem duvida a visão mais agonizante que se pode ter de dentro de um veleiro. Na mesma hora começamos os procedimentos de abanadono da embarcação, caso naufragasse. Quando estava tudo pronto para descer o inflavel, resolvemos tomar algumas medidas para amenizar a encrenca. Ao ver o tamanho do estrago, o comandante teve a ideia de usar as velas para calafetar o buraco. A primeira a ser colocada dentro do furo foi um fracasso, contudo as outras duas entraram amarradas, o que foi um sucesso. Dominamos o problema, a partir de então a água que entrava era a mesma que conseguíamos tirar com o balde. Não podiamos usar a bomba de porão, pois precisávamos poupar a bateria para funcionamento do rádio de comunicação. Em resumo, uma viagem em que faltavam apenas três horas pra terminar, durou mais de dez. Mesmo assim chegamos a salvo e ainda conseguimos a fita azul e o primeiro lugar na classe! Quem quiser que acredite, mas foi minha primeira experiência apavorante na vela, embora muito didatica".
Georg de Andrade Lima Anderson
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